A corrida pelo comando do Palácio de La Ravardière em São Luís revela as pretensões de cada grupo político pelo comando do Maranhão no final do Governo Dino. Apesar do elevado número de candidatos inscritos na disputa majoritária, quatro merecem destaque nessa corrida, sendo três deles, até então, pertencentes à base do governador. Fora eles, dois outros nomes aumentam o nível da disputa, ambos inteligentes, habilidosos, fiéis e com histórias pessoais respeitáveis, porém ainda sem pretensões maiores por circunstâncias naturais ou por não terem atraído para si as atenções dos evidentes grupos partidários que tentarão arrancar o poder do grupo Comunista responsável pelo fim do coronelismo no Maranhão.
Esse cenário impõe aos comandantes dos palácios vizinhos na Pedro II cautela, prudência e traquejo em suas posições quanto ao pleito atual. Isto porque os arranjos montados para a atual disputa pelos três grupos que farão oposição à onda vermelha maranhense em 2022 levará o reizinho para o colo do reizão, exigindo, portanto, que estejam desde já de um mesmo lado para que alimentem a possibilidade de continuarem no topo do cenário político maranhense.
Do consórcio fisiológico que se associou à ideologia comunista para pôr fim à era Sarney no Maranhão, o primeiro a se revelar opositor a Flávio Dino foi Roberto Rocha, algo esperado por qualquer analista consciente, uma vez que um é liberal, o outro socialdemocratas, um de um partido que ideologicamente serviu aos grandes capitais, o outro de um dos partidos ideologicamente comprometido com as lutas de classes e com proteção social. Enfim, o projeto de um vai de encontro ao projeto do outro. “Rocha 1” vê em Braide a possibilidade de uma composição mais homogênea para enfrentar os Leões na tentativa de tomar o palácio em 2022.
Dentre os membros da composição dinista que sobreviveu até 2020, saem os outros dois grupos que sonham assumir o comando do estado daqui a dois anos. Um deles chefiado pela dupla “Brandão x Maranhãozinho”, em tese, muito forte pela sucessão natural do “trono” que restará ao vice se Flávio resolver disputar o próximo pleito. Esses apostam suas fichas pelo comando da prefeitura mais rica do estado a partir de 2021, em Duarte Júnior, segundo colocado na última pesquisa. O outro, pelo perigoso “Rocha 2”, que aliás, foi quem conseguiu fazer a “melhor” composição política em torno de seu candidato. Na ausência inteligente e estratégica do Governador que resolve soltar netos e filhos no playgroud do Palácio, sem sombras de dúvida, foi o que demonstrou maior habilidade em aglutinar forças antagônicas (digo: juntou as duas grandes oligarquias historicamente rivais do Maranhão) para alcançar o seu fim: eleger Neto Evangelista prefeito de São Luís.
Diante do cenário, restou a Flávio reunir o que sobrou. Dois juniores, um que deixa o trono como jamais alguém fez em nossa história, com uma cidade transformada num verdadeiro canteiro de obras, o que evidentemente o habilita à disputa majoritária em 2022; e outro que precisa herdar do “irmão” restante o trono indispensável para manutenção do “pai” de pé.
Em 2022, esses arranjos podem sofrer algumas modificações, contudo, seus comandantes serão exatamente esses. Habilidosos e ambiciosos, saberão se ainda é hora de compor ou se chegou a hora de romper. Eis o tabuleiro!
Itamilson Lima
Eleitor de São Luís