Dados apontados pela ANA e ONS comprovam que erros técnicos nas Usinas Hidrelétrica de Estreito e Tucuruí agravaram alagamentos
Uma análise de monitoramento realizado pela Agência Nacional de Águas – ANA e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, apontam a possíveis erros técnicos no nível dos reservatórios da Usina Hidrelétrica de Estreito – UHE. A operação nas barragens, comportas e fortes chuvas ocasionaram alagamentos em várias cidades do Maranhão, com maior intensidade, na cidade de Imperatriz.
Os dados divulgados pela ANA e ONS são oriundos de reuniões e monitoramento pluviométrico na bacia do Rio Tocantins devido previsões de chuvas em níveis acima do normal a partir de outubro do ano passado.
Durante as reuniões em conjunto com a ONS, responsáveis pelas UHE, CEMADEN, Defesa Civil e dentre outros entes públicos desde setembro do ano passado, com intuito em monitorar as chuvas na bacia do Rio Tocantins, devido previsões de chuvas em níveis acima do normal, verificou-se que entre os meses de novembro e dezembro foram totalmente atípicos da média histórica para a bacia do rio Tocantins, chovendo 96% (noventa e seis por cento) do previsto para o período compreendido entre os meses de outubro de 2021 a janeiro de 2022. Este alto índice de precipitação somada à vazão de rios afluentes provocou a ascensão do nível do rio Tocantins na região de Imperatriz/MA.
Sem apontar erros técnicos
Na reunião de Acompanhamento do Sistema do Rio Tocantins promovida pela ANA, em 11 de janeiro deste ano, a equipe técnica da Usina Hidrelétrica de Estreito – UHE, apresentou diversos dados explicando o regime de operação da usina na presente crise, contudo, foram apresentadas informações similares a UHE de Tucuruí, que possui a maior capacidade de geração de energia e acumulação de água dentre as UHE’s, que compõe o Sistema do Rio Tocantins e geograficamente está localizada na parte mais baixa do rio, portanto, tem capacidade técnica para interferir nos níveis a montante e a jusante do Rio Tocantins de forma bastante significativa.
Analisando a montante, a primeira cidade que sofre com seus impactos é Marabá, no estado do Pará, que foi bastante inundada no começo deste mês de janeiro de 2022. Imperatriz e São Miguel do Tocantins, também podem ser afetadas.
Considerando-se o represamento na UHE de Tucuruí aliado as altas vazões afluentes, a consequência natural é a elevação do nível do Rio Tocantins no trecho entre a UHE de Estreito e a UHE de Tucuruí.
Dados técnicos
Os dados divulgados pela ANA e ONS comprovam que o nível do Reservatório da UHE de Tucuruí está se elevando podendo atingir o nível de 100% de reservação, e se ocorrer mais uma vez de a UHE de Tucuruí liberar volumes altos de água, poderá provocar a inundação de municípios a sua jusante, entretanto, o represamento provoca o alagamento das cidades, na região da montante, por isso, é necessário que as autoridades competentes realizem imediatamente inspeções para averiguar os dados técnicos da Usina Hidrelétrica de Estreito, para que o Consórcio dono da Usina, que é formado pelas empresas Engie, Vale, Alcoa e InterCement, sejam responsabilizados pelos estragos causados à população maranhense.