Já são 1.096 dias, 35 meses ou três anos sem respostas para o assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, seu motorista. Mortos a tiros em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, até agora as investigações ainda não apontaram os responsáveis.
Mobilizações em todo país aconteceram no último domingo, 14, pedindo justiça pelos dois. Na capital maranhense, o Coletivo Nós plantou girassóis na Cidade Operária e na Câmara de São Luís e irá protocolar proposta para instituir o dia 14 de março como o Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas.
A ação foi mobilizada pelo Instituto Marielle Franco e pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), partido de Marielle, eleita com 46 mil votos, sendo a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro.
A programação em São Luís iniciou no Centro de Ensino Maria José Aragão, na Cidade Operária.
“O legado de Marielle não será esquecido. O gesto de plantar, simboliza as sementes dela que continuam se espalhando. Seguimos resistindo. Marielle foi uma mulher, preta, mãe solo, socióloga, lésbica, periférica, vereadora, que levantava a voz para defender e lutar pelos direitos das mulheres, LGBTQIA+, do povo preto e periférico. Por isso é tão marcante estarmos neste chão de uma escola na região da Cidade Operária/Cidade Olímpica, que é o maior conglomerado urbano de São Luís, tal como o Complexo da Maré, no Rio, onde Marielle viveu”, destacou o co-vereador do Coletivo Nós, Jhonatan Soares.
O dia de mobilização continuou na Câmara de Vereadores de São Luís, depois na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e finalizou na Praça Maria Aragão, com o ‘Pôr do Sol por Marielle’, em que diversos coletivos presentes reafirmaram o compromisso com a luta e bandeiras que Marielle defendia e, principalmente, pedindo por respostas sobre seu assassinato.
“Quem mandou matar Marielle? Até quando teremos que esperar essa resposta? Hoje, em um ato de esperança, nos colocamos à disposição para caminhar junto e manter o legado de Marielle Franco. Também assumimos o compromisso de apresentar à Câmara de São Luís, a proposta de instituir o dia 14 de março como o Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas”, completou Flávia Almeida, co-vereadora do Coletivo Nós.
Sobre o caso
Marielle Francisco da Silva, de 38 anos, era uma líder política defensora dos direitos humanos. Foi covardemente assassinada em 14 de março de 2018, ao deixar um evento sobre a atuação de mulheres negras na política.
Seu carro foi alvejado por diversos disparos, no centro da capital fluminense, sendo que, quatro atingiram ela e três, seu motorista Anderson Gomes, que também morreu no local.
Ela era relatora da comissão da Câmara dos Vereadores que fiscaliza a atuação da intervenção federal nas favelas, sempre se opondo à violência da Polícia Militar e à intervenção federal nas comunidades cariocas. Uma semana antes de ser assassinada, denunciou casos de abuso de violência policial no bairro de Acari, no Rio.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, como os assassinos de Marielle e de Anderson, presos nas penitenciárias federais de Campo Grande e de Porto Velho, sem audiências marcadas até o momento. A investigação contém várias contradições e se arrasta por três anos, sem trazer respostas concretas apontado os mandantes, a motivação para o assassinato e onde está a arma do crime.