Em entrevista ao jornal O Imparcial, neste domingo (30), o candidato da aliança PCdoB, PP, Cidadania, PMB e Democracia Cristã e possivelmente o PT, disse ser o grande vitorioso da pré-campanha por ter contrariado todas as previsões dos adversários e ter conseguido consolidar a maior coligação para a disputar a sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Junior. A baixo segue a íntegra da entrevista.
Quais as apostas que seus adversários fizeram que não se confirmaram?
Os adversários anunciaram que eu não seria pré-candidato pelo PCdoB, e sou. Disseram que eu não sairia da secretaria, que eu não desincompatibilizaria, eu me desincompatibilizei. Disseram que não teria o apoio do deputado federal André Fufuca, e o Fufuca anunciou. A senadora Eliziane, também anunciou. Disseram que eu não teria o apoio do PT, e eles vão anunciar. Que eu não cresceria nas pesquisas, e comecei a crescer. Então, tudo que apostaram contra a nossa candidatura, se frustraram. A realidade tem sido dura para quem aposta contra o nosso projeto. Seguimos fazendo nosso trabalho.
E isso significa o quê?
Isso significa que nós fomos os vencedores da pré-campanha. Conseguimos construir o maior arco de alianças, são cinco partidos oficiais e o 6º por anunciar.
Ainda tem aí a possibilidade de aumentar (o número de partidos)?
Serão 6 com o PT.
O tempo de tv?
Será um dos maiores.
Quanto tempo, na realidade deputado?
São 10 minutos, e eu terei mais de 2 minutos. Aí teremos a pré-candidatura que terá o maior número de candidatos a vereadores, a se confirmar na convenção.
Quantos, mais ou menos?
Entre 150 e 200 candidatos a vereadores. O que faz com que a nossa pré-candidatura esteja absolutamente enraizada em toda a cidade. Eu defendo que a política é a arte do coletivo, e o nosso coletivo é muito forte. Ser o candidato do partido do governador Flávio Dino, tendo o apoio do ex-presidente Lula, tendo o apoio da senadora Eliziane, é um atrativo político diferenciado que os outros não têm.
É a primeira eleição para prefeito que você está disputando. Qual é a diferença dessa eleição para às eleições de deputado nas quais o senhor foi eleito tanto estadual como federal?
Só muda a dimensão, afinal de contas, agora é majoritária. Só que eu acompanho o Flávio Dino desde sempre. Desde 2006 na eleição para deputado, acompanhei a campanha de 2008 para prefeito, a de 2010 para governador, a de Edivaldo em 2012, a do governador em 2014 e também em 2018. Então eu já estou ambientado nessas disputas.
Agora, a campanha de 2020 é totalmente diferenciada das campanhas anteriores em função principalmente da legislação, que mudou até as questões das coligações parlamentares, no caso da eleição municipal, os vereadores, não entram na coligação, e em razão da pandemia. Como sair hoje em uma campanha vitoriosa dentro desse sistema totalmente alterado?
É novo para todo mundo, e para isso teremos que buscar novos mecanismos, inclusive de fazer debates públicos. Para isso nós criamos o movimento Diálogos por São Luís, onde fizemos muitas reuniões virtuais enquanto estávamos no pico da pandemia. Agora com a diminuição da pandemia, a gente começa a fazer as reuniões presenciais. Então, termina que a pandemia vai acelerar a entrada da gente no século XXI.
Aquela política tradicional, que tem muito contato, vai ter que diminuir. Teremos uma campanha um pouco mais virtualizada, uma campanha que seja mais propositiva. Não vai ter comício, passeata, caminhada, corpo a corpo, mas ainda assim terá debate e terá eleitos.
O forte então será o debate na televisão e às redes sociais, na sua opinião?
E o coletivo porque é possível multiplicar a campanha. Não pode mais ser a campanha em função do candidato. Eu por exemplo, tenho uma grande militância da cidade de São Luís, o PCdoB. Ainda mais junto com o PT, por exemplo, ter militância, ter o apoio do movimento social, do movimento sindical, que é campanha sem a presença do candidato, também será um diferencial, sobretudo em tempo de pandemia.
E a questão de levar as eleições para o segundo turno: essa á meta?
Na verdade, nós não tivemos uma construção natural da sucessão do prefeito Edivaldo. Se tivéssemos um nome que unificasse todo mundo, teria sido uma outra estratégia. Por exemplo, a senadora Eliziane e o senador Weverton dissessem: sou candidato (a) a prefeito (a), mudaria o jogo de todo mundo. Como não temos um candidato nato, qual foi a consequência? Vários partidos lançaram suas candidaturas, numa tendência que provoca o segundo turno.
As pesquisas sinalizam que termos segundo turno, está em aberto ainda quem serão os participantes dele. Isso porque o jogo ainda não começou, e só é decidido em São Luís dentro da campanha. Em regra, no último mês. Foi assim nas últimas eleições na cidade de São Luís. Ninguém ganha de véspera.
Você acha que há a possibilidade de repetir esse jogo que já aconteceu nas campanhas passadas?
Eu tenho certeza absoluta que vai acontecer! Nas últimas eleições, quem começa na frente, não termina da frente. Então esse é o momento justamente da cidade conhecer as propostas para só então se tornar definitiva a escolha de quem será o próximo prefeito da cidade. Em uma forma geral, tem o sentimento de aprovação do governo Flávio Dino, hoje uma boa aprovação do governo Edivaldo, e esse é o caminho.
Até agora o governador não se manifestou diretamente sobre o apoio, e também sobre o prefeito Edivaldo. Isso vai acontecer mais a frente?
Vai acontecer mais lá na frente, muito provavelmente no segundo turno. O Flávio respeita muito a autonomia dos partidos e cada partido pode apresentar sua visão para a cidade, e é legítimo que o PCdoB também apresente. Flávio Dino já fez isso em 2016; aquela eleição foi disputada em especial por Edivaldo e Eliziane, o governador não se envolveu no primeiro turno e só declarou voto na última semana do segundo turno.
Mas, por mais que Flávio não participe diretamente do primeiro turno, todos sabem que o pré-candidato que mais tem afinidade com o Flávio, sou eu. Estamos caminhando juntos desde 2006, em todas às eleições. Dino foi meu professor, somos do mesmo partido, fui integrante do governo até um dia desse.
Não tenho dúvidas que dentre todos os pré-candidatos, eu sou aquele que tem a maior proximidade com o Flávio e maior condição de fazer um governo mais parecido com o dele. Isso é que é o mais importante: quem é que tem condições de fazer em São Luís, um governo parecido com que o Flávio faz no Maranhão.
A sua experiência no governo Flávio Dino na Secretaria de Cidades, como ela lhe ajuda agora nesse momento, como experiência de gestão pública?
O que a gente não consegue mais é esperar que alguém vença a eleição para dizer: “vou conhecer a máquina!” E é absolutamente diferente a dinâmica do legislativo e do executivo, por isso o governador me trouxe para ser secretário. E isso me deixou preparado. Eu aprendi mais sobre gestão pública em poucos meses na secretaria, do que vi nos livros. Sou advogado e tenho mestrado em Direito Constitucional. Então, ter essa vivência na prática me deixou pronto para desafios ainda maiores, mas com um diferencial: eu me preparei pra ser prefeito não só pela Secretaria das Cidades, mas por todo acúmulo.
Tem também minha experiência como deputado estadual, como líder da oposição. Como deputado federal, como membro da comissão de Orçamento. Tudo é um acúmulo para me deixar pronto para ser prefeito. E mais que isso: quero deixar registrado que ter acompanhado o Flávio Dino em toda essa trajetória também me deixa pronto. Ele mostra que governar é estar à disposição do povo, é dialogar com todo mundo, é ele estar liderando pessoalmente o seu governo. Então, eu aprendi muito com a forma dele fazer política.
Como vai ser uma administração municipal em uma capital da dimensão de São Luís, com mais de 1 milhão de habitantes, em uma situação pós pandemia?
Aumentam os desafios, afinal de contas a gente tem problemas graves para serem resolvidos, especialmente em três áreas: a saúde: a pandemia é óbvio deixa claro que a saúde tem que ser uma prioridade; a questão dos empregos: a gente neste momento está combatendo para salvar vidas, daqui em pouco temos que salvar empregos e empresas, o governador tem dito isso, e merece uma atenção especial. A terceira, é a educação: afinal de contas, em 16 meses daqui pro final do ano que vem, nós teremos que dar dois anos letivos, tem que ter um planejamento. E isso faz com que não possamos permitir um aventureiro na prefeitura de São Luís, alguém sem essa solidez política e administrativa. A pandemia torna ainda mais necessária a nossa pré-candidatura, para superar os desafios da capital.
Até houve também uma queda de arrecadação municipal e estadual, que sofreram esse impacto negativo de arrecadação. E em razão disso também, a questão do emprego que foi afetado em razão do que ocorreu na pandemia. É um desafio a mais para um gestor municipal?
É um desafio a mais, e isso faz com que tenhamos novas respostas para velhos problemas. O próximo prefeito terá de fazer mais com menos, e isso nós fizemos na Secretaria das Cidades.
Quando começou a pandemia, o Flávio mandou cortar 30% dos gastos administrativos para conter na atividade meio, e sobrar para atividade fim, ou seja, priorizar o orçamento público para de fato, fazer investimento sociais. Eu já fiz isso com secretário, e Dino vem fazendo no governo.
A questão nem é a quantidade de orçamento, e sim, elencar prioridades. E uma das nossas é fazer um governo voltado para quem mais precisa, um governo voltado para os mais pobres, para as regiões mais carentes, onde há mais déficit dos direitos, esse é o nosso desafio.
Inclusive eu tenho uma inspiração. A população tem a percepção que o governo que melhor fez isso, foi o governo do presidente Lula, e que o governo Flávio Dino se inspira no governo do presidente Lula. E eu quero fazer em São Luís, um governo que seja de inspiração tanto no governo do Flávio como no do presidente Lula. Uma gestão voltada para quem mais precisa.
O PT ficou de anunciar a parceria com quais partidos e ficou nessa “enrolação’’, e até agora não saiu. Depende de quê? Do diretório nacional?
A gente respeita o tempo próprio do PT, não é uma decisão fácil. É o maior partido de esquerda da América Latina, que nós respeitamos e reiteramos que desejamos o apoio, reiteramos que desejamos ter o Partido dos Trabalhadores na nossa chapa, na chapa majoritária. Mas respeitamos a soberania do partido e a aliança com PT, no meu caso, não é uma aliança para uma eleição.
A vida inteira eu estive “deste lado do rio”. Eu combati muita intensidade o impeachment da presidenta Dilma. Combati a pauta que maltrata os trabalhadores na Câmara. Aqui no Maranhão eu sempre estive deste lado do rio, então eu tenho a convicção que toda essa trajetória vai desaguar no apoio lá na frente. Então eu tenho tranquilidade que nós estaremos juntos. Mas a decisão final é da direção nacional, afinal de contas, São Luís é uma capital. (Informações do blog Jorge Vieira)